O Volta Redonda de 2016 pôs seu nome na galeria dos campeões brasileiros com uma campanha marcante

O Volta Redonda de 2016 pôs seu nome na galeria dos campeões brasileiros com uma campanha marcante
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

Após alguns anos batendo na trave na tentativa de uma campanha de destaque e um título de expressão, a temporada de 2016 se mostrou redentora para o Volta Redonda Futebol Clube. Após um vice-campeonato da Série C em 1995, um vice-campeonato Carioca em 2005 e uma eliminação nas quartas de final na Copa do Brasil de 2006, a equipe que ficou com a fama de “time do quase” conseguiu com muitos méritos uma conquista no ano de seu aniversário de 40 anos: a Série D.

Até a entrega da taça na noite do dia 1º de outubro de 2016, houve uma longa caminhada que levou o Voltaço ao título daquela edição da Série D. O Volta Redonda não era um clube debutante na Série D, já havia disputado a quarta divisão em três ocasiões, com duas eliminações na primeira fase (2012 e 2015) e uma eliminação nas oitavas de final para o clube que se tornaria o campeão daquela edição (2011, caindo para o Tupi).

A sempre difícil quarta divisão nacional ganhou meses antes de seu início um novo tempero. Desde a sua criação em 2009, a Série D tinha como base o número de 40 participantes – o número variava após uma desistência ou algum ajuste que era necessário. Em 15 de março de 2016, a CBF anunciou uma expansão no torneio, que passaria a ter 48 equipes. Após reclamações por parte de algumas federações estaduais, uma semana depois o número novamente cresceu e chegou aos 68 clubes que regem a disputa até os dias de hoje.

Essas mudanças fizeram alguma diferença dentro do Campeonato Carioca. O novo regulamento, que acabou sendo utilizado somente na edição de 2016, havia dividido a competição em duas fases distintas, com uma levando metade dos clubes à outra. O Voltaço já havia mostrado um bom futebol na primeira fase, tendo o Fluminense por 3-1 logo na rodada de estreia e perdido somente uma das oito partidas que havia disputado. No entanto, ainda poderia ser insuficiente: entre os clubes de menor investimento, o dono da melhor campanha da primeira fase foi o Boavista.

Com as campanhas zeradas, a segunda fase começou e a novidade foi rapidamente absorvida. Com uma vaga a mais via estadual, o time da Cidade do Aço poderia ficar mais tranquilo, pois mesmo perdendo na estreia da segunda fase para o Boavista ainda haviam chances da classificação à quarta divisão nacional. Fazendo partidas duras diante dos quatro grandes, foi possível recuperar os pontos perdidos e terminar a segunda fase na quinta posição, garantindo assim a vaga na Série D e na Taça Rio.

Diferente do que vemos hoje, a Taça Rio não foi um turno do Campeonato Carioca em 2016. O quinto e o sexto colocados da segunda fase enfrentariam os dois primeiros do grupo X, que havia definido os rebaixados à Série B do estadual. Em semifinais e final de partida única, todas disputadas em campo neutro, o Voltaço não deu sopa para o azar. Na semifinal, disputada em Moça Bonita, o tricolor até saiu atrás do Macaé, mas conseguiu a virada e assegurou a vaga na final.

O péssimo regulamento colocou o clássico do Sul Fluminense entre Volta Redonda e Resende no estádio de São Januário. Mesmo com a distância pesando contra, as torcidas pegaram estrada e foram parar em São Cristóvão em pleno Dia do Trabalhador para acompanhar o jogo decisivo. Apesar do primeiro tempo equilibrado, na segunda etapa o Volta Redonda sobrou em campo, sobretudo no final do jogo. Com um gol de Dija Baiano no meio dos 45 minutos finais, a tranquilidade chegou. Foi possível soltar o grito de “é campeão” após os gols de Bruno Barra e Tiago Amaral, o artilheiro do estadual, já nos acréscimos.

Créditos: Ascom/Volta Redonda FC

Após a conquista do troféu, o time teria 40 dias de preparação para a Série D. A disputa da quarta divisão teria início no segundo final de semana de junho e até lá o entrosamento poderia se tornar uma arma importante para o clube, não fosse pelas perdas que ocorreram no plantel.

Entre os principais nomes da equipe que jogou o Campeonato Carioca, muitos saíram após o término do estadual. As perdas mais sentidas foram as do ponta Niltinho, negociado com o Criciúma, e do volante Bruno Barra, levado por Marcelo Cabo para o Atlético Goianiense. Barra acabou sagrando-se campeão da Série B naquele mesmo ano. Outros dois atletas foram para a Série B: Hugo Cabral foi para o Luverdense e Vinícius Pacheco rumou para o Avaí. Vinícius sofreu uma lesão em seu terceiro jogo pelo novo clube que o fez perder o restante da temporada. O lateral Marrone e o zagueiro Gabriel Pará também foram negociados.

O elenco

Com essas saídas, algumas contratações foram necessárias. O goleiro titular era o mesmo, o experiente Mota, de 31 anos e com passagens por outros times do Rio de Janeiro, como Barra Mansa, São Cristóvão e America. Ele recebeu a companhia de George, de 25 anos, que havia sido reserva no Tupi durante o primeiro semestre. O novato Táfine, com apenas 21 anos de idade, era o terceiro goleiro.

Quem também veio do Tupi foi o rodado lateral-direito Osmar, de 34 anos, que teve passagens por Santa Cruz, Vila Nova e ASA. Ele não veio exatamente para o lugar de Marrone pois Luis Gustavo, de 27 anos e contratado no início da temporada após uma passagem pelo Bonsucesso, já havia se firmado na ala direita durante a segunda fase do estadual. A outra lateral seguia sob a tutela de Cristiano, mais um nome que havia se destacado no Bonsucesso no ano anterior e se mostrou um achado ao longo da temporada. Para a reserva de Cristiano, havia o jovem Paulo Vitor, de 21 anos, que acabou sendo pouco utilizado.

A dupla de zagueiros do estadual, formada por Maílson e Luan, ambos com 28 anos, resistiu somente por um jogo na quarta divisão nacional. Luan foi negociado com o Zimbru Chisinau da Moldávia e acabou substituído por Daniel Felipe, de 24 anos, que havia feito um bom estadual pelo Madureira. Um mês depois, foi a vez de Maílson ir embora, após ser contratado pelo NorthEast United, da Superliga Indiana. Tudo seguiu em família, pois o irmão mais velho de Maílson, Márcio Paraíba, de 32 anos e que jogou pelo Central no primeiro semestre de 2016, foi contratado. Daniel e Márcio tinham a companhia do prata da casa Gilberto, 20 anos, e de Carlão, defensor que havia passado pelo Barra Mansa, clube da cidade vizinha.

Com as saídas de Bruno Barra e Vinícius Pacheco, somente Marcelo seguiu como titular no meio após o término do Carioca. Diretamente do Bonsucesso vieram João Cleriston, 22 anos, e Marcos Júnior, 21 anos, respectivamente para a função de primeiro e segundo volante. Na reserva, os remanescentes eram os volantes Pedro Isidoro e Pablo, ambos pratas da casa, e Rafael Pernão, que também podia exercer a função de ponta. Jorge Luiz foi emprestado pelo Friburguense e o volante Douglas Pedroso foi cedido pelo Boavista. Do interior paulista, vieram Michel Cury (ex-Sertãozinho) e o meia Gláuber, vice-campeão estadual com o Voltaço em 2005. A última contratação foi a do volante Fernando, irmão de Carlos Alberto, mas que teve a carreira interrompida durante a Série D após uma série de AVCs.

Na frente, Tiago Amaral, de 31 anos, foi o nome de referência por somente quatro jogos. Após as primeiras partidas, ele foi contratado pelo Cuiabá para a disputa da Série C e da Copa Sul-Americana. O período de permanência dele coincidiu com o período de empréstimo de Dija Baiano, sua dupla no ataque, ao Macaé. Tiago chegou a fazer dupla com Henrique Costa, contratado do Democrata de Governador Valadares. Após a saída do artilheiro do Campeonato Carioca, o Volta Redonda trouxe David Batista, de 27 anos, que não havia se destacado tanto na Série A2 do Campeonato Paulista com a camisa do Barretos. Ayrton, ex-Atlético Goianiense, e os recém-promovidos Gustavo Moura e Luquinhas também compunham o ataque, mas não apareciam tanto no time titular.

Embora tivesse experiência dentro da Série D, Felipe Surian ainda era um novato no mundo dos treinadores. Depois de ter atuado como zagueiro do Tupi e encerrado a carreira prematuramente devido a uma hérnia de disco, Felipe passou a ser auxiliar técnico da equipe juiz-forana, sendo campeão da Série D em 2011 nessa função. Dois anos depois, chegou a vez de conseguir um novo acesso na mesma Série D, agora como treinador do galo carijó. Passagens sem muito sucesso por Caldense, Anápolis e Villa Nova antecederam a chegada de Surian ao Voltaço.

A fase de grupos

Pela primeira vez desde 2010 os grupos da primeira fase teriam a presença de quatro clubes. Com a mudança do regulamento e a expansão para 68 participantes, a solução encontrada pela CBF foi descartar os oito grupos de cinco equipes em favor de 17 grupos de quatro equipes. Os clubes eliminados na primeira fase perderam um mês de calendário nessa mudança, uma perda que dificultaria a situação de quem fez um investimento visando a Série D.

Alocado no grupo A12, o Voltaço teria uma missão difícil. No mesmo grupo estavam a Desportiva Ferroviária, campeã capixaba, e a URT, semifinalista do Campeonato Mineiro. O Goianésia havia se classificado via Campeonato Goiano 2015, naquela competição com um gol muito famoso que acabou elegendo o então desconhecido Wendell Lira para o Prêmio Puskas. Em 2016 o clube vinha de uma campanha modesta no estadual, apenas um 7º lugar, e tinha perdido todo o elenco que participou do Campeonato Goiano, incluindo aí o artilheiro Nonato.

Isso foi provado logo na primeira partida do Volta Redonda, disputada no dia 12 de junho, no Estádio Valdeir José de Oliveira. O elenco bastante modificado do Azulão do Vale fez frente ao time formado por Mota, Osmar, Luan, Maílson e Cristiano; Pablo, Luis Gustavo, Douglas Pedroso e Jorge Luiz; Tiago Amaral e Henrique por apenas 20 minutos. Logo depois da parada técnica, o Volta Redonda passou a dominar as ações do jogo. Logo nos primeiros 15 minutos do segundo tempo, Tiago Amaral e Henrique Costa abriram o placar a favor do Esquadrão de Aço. Em busca do empate, o técnico do Goianésia pôs o time mais avançado e deixou espaços que culminaram em gols de Ayrton e Gláuber que fecharam o placar em 4-0.

Logo em seguida, o clube do estado do Rio de Janeiro teria dois jogos como mandante. O primeiro, contra a URT, foi no novo horário das 20h de segunda-feira. A ideia era atrair mais público do que a costumeira faixa de 300 a 500 pagantes, e a troca deu resultado. Os pouco menos de 1000 pagantes acompanharam uma partida equilibrada, cujo gol da vitória foi marcado por Jorge Luiz, consolidando o 1-0. No domingo seguinte, o primeiro turno da fase de grupos foi concluído com um empate em casa sem gols com a Desportiva, uma partida com muita marcação de ambos os lados. O Voltaço fechou o primeiro turno com 7 pontos, seguido pela URT com 6, a Desportiva com 4 e o Goianésia zerado.

Créditos: Henrique Montavanelli/Desportiva Ferroviária

O returno se iniciou no Estádio Engenheiro Alencar Araripe, em Cariacica, contra a mesma Desportiva. Diante de quase 2000 pessoas, o Voltaço apostou nos contra-ataques e chegou assim ao primeiro gol, após Luis Gustavo escorar um cruzamento de Jorge Luiz. Menos de 20 minutos depois, o mesmo Luis Gustavo, que cumpria uma função como meio-campista na partida, recebeu um amarelo por cera, outro por tentar cavar um pênalti e acabou expulso. A pressão exercida pela Tiva foi muito grande até o final da partida, sobretudo nas bolas aéreas. Já no final do segundo tempo, João Cleriston fez o gol que tranquilizou a torcida. A Desportiva descontou nos acréscimos com Rael, mas nada que servisse para evitar a derrota e manter a equipe grená viva na briga pela vaga.

O adversário da sequência foi a URT, agora em Patos de Minas. Mesmo voltando de viagem com um 0-0 chato, havia motivo para comemorar: a liderança da chave estava garantida e dessa forma seria impossível perder a vaga na segunda fase como um dos piores segundos colocados. Essa situação do antigo regulamento da D acabava forçando a realização simultânea dos 34 jogos da última rodada. Já classificado, o Volta Redonda passou o carro no Goianésia novamente, fazendo 4-0 com gols de Marcos Júnior, Luquinha, Pablo e Dija Baiano. Com 14 pontos de 18 possíveis, o Voltaço garantiu a terceira melhor campanha da primeira fase, superado somente pelas surpresas Altos e Ceilândia.

Os seis jogos antes do acesso

Para fechar os 16 confrontos do mata-mata, era necessário fazer um ajuste. Além da eliminação dos dois piores segundos, o pior líder era transferido para o pote 2. Isso permitia que dois clubes do mesmo grupo ficassem no mesmo pote e também permitia confrontos entre times que eram da mesma chave. Aconteceu com Águia de Marabá e Moto Club, com CSA e Parnahyba, e também com Volta Redonda e URT. Seriam outros dois confrontos entre as mesmas equipes.

Na ida, em Patos de Minas, a URT jogou melhor, pressionou bastante em ambos os tempos, mas mesmo assim saiu atrás do placar após um gol de David Batista. Michel Paulista igualou o marcador de pênalti e a pressão seguiu acontecendo, mas sem mexer no 1-1. No segundo jogo, disputado no Raulino de Oliveira, o Voltaço tinha a vantagem do gol fora de casa, mas sabia da tensão que havia em cima daquela partida. No segundo tempo, um gol nos primeiros minutos de David Batista acalmou os ânimos. No final do jogo, João Cleriston mandou a bola na rede e fechou o placar em 2-0, assegurando a classificação às oitavas de final.

A terceira fase da competição já mostrava o afunilamento que a Série D teve. Em nove semanas (incluindo um atraso que aconteceu na segunda fase) a quarta divisão passou de 68 para 16 participantes. O chaveamento colocou o Voltaço diante do Anápolis, que havia eliminado a Caldense e era comandado por Ricardo Drubscky, assim colocando a frente o experiente técnico, que havia passado pelo Fluminense no ano anterior, e seu pupilo da época de Tupi. No jogo de ida, diante de quase 5000 pessoas na Manchester goiana, o Volta Redonda apostou em uma estratégia focada nos contra-ataques e conseguiu a vitória por 2-1, com gols de Luis Gustavo e Márcio Paraíba. No jogo de volta, um 0-0 com a mesma receita de jogar de forma defensiva assegurou a vaga nas quartas de final.

O chaveamento da última fase antes do acesso era determinado pela campanha geral na Série D. O Tricolor de Aço havia feito a segunda melhor campanha entre os oito classificados, atrás somente do Atlético Acreano, e enfrentaria o Fluminense de Feira, dono da segunda pior campanha. O Touro do Sertão chegava no confronto com pecha de azarão, pois não havia feito uma boa campanha na primeira fase e só passou do Ceilândia nas oitavas de final após uma disputa de pênaltis. O Flu ainda havia perdido o treinador Arnaldo Lira, que pediu demissão do cargo para se candidatar a vereador em Fortaleza.

A partida de ida foi disputada no Joia da Princesa, em Feira de Santana. Com os dois times buscando o ataque desde o início, foi possível ver um bonito jogo no interior baiano. Aos cinco minutos, David Batista aproveitou um bate-rebate para emendar uma bicicleta e abrir o placar para o Voltaço. Um minuto depois, um chute de Bruninho desviou no lateral Osmar antes de ir para as redes, empatando a partida. Ainda no primeiro tempo, Deca desviou um cruzamento de cabeça e virou o jogo para o Fluminense, mas de pouco adiantou: no minuto seguinte, Marcos Júnior aproveitou a sobra em uma cobrança de escanteio e pôs o placar em igualdade novamente. No início do segundo tempo, Dija Baiano acertou uma bela cobrança de falta. Com o jogo intenso, o Fluminense ainda teve Rafael Granja expulso e não conseguiu fazer nada para reverter o placar de 3-2.

Com o gol fora de casa prevalecendo como primeiro critério de desempate, o Volta Redonda poderia perder a volta por 2-1 e mesmo assim conseguiria garantir o acesso. Disputado no Raulino de Oliveira no sábado seguinte, o segundo jogo foi o primeiro das duas equipes televisionado pelo Esporte Interativo. E já começou frenético: com um minuto de jogo, uma saída mal sucedida do goleiro Jair derrubou Dija Baiano na área; ele mesmo converteu o pênalti e pôs o Voltaço em vantagem. Insistindo nas bolas aéreas, o Fluminense empatou com Paulo Paraíba ainda na primeira etapa.

Desesperado, o treinador Betinho pôs mais atacantes no segundo tempo, mas em vão. Aos 15 do segundo tempo, aós uma bola rolada de David Batista, Dija Baiano mandou para o fundo das redes, selando o que viria a ser o gol do acesso. O Flu de Feira até chegou a mandar duas bolas na trave mas não conseguiu evitar a derrota por 2-1 e o acesso do Volta Redonda diante de quase 4000 torcedores. O clube que ficou por vários anos no “quase”, seja a nível estadual ou em campeonatos nacionais, finalmente conseguia subir de patamar justo no ano de seu aniversário de 40 anos. E a torcida nem poderia esperar o que viria pela frente.

Créditos: reprodução/ge.globo

Os jogos finais da campanha

Em um final de semana, quatro clubes comemoraram o acesso à Série C. Além do Voltaço, também foram promovidos o CSA, que eliminou o Ituano; o São Bento, que passou pelo Itabaiana; e o Moto Club, que eliminou o Atlético Acreano, dono da melhor campanha geral fora de casa. Com a eliminação do Galo Carijó, o Volta Redonda passou a ser o dono da melhor campanha e por isso poderia seguir decidindo o mata-mata em casa. O primeiro adversário foi justamente o Moto Club, atual campeão maranhense e que vinha em um processo de reconstrução após disputar a segunda divisão de seu estado em 2013.

A partida de ida, disputada em São Luís, foi para o Volta Redonda um dos jogos mais difíceis de toda a Série D. Marcelo arriscou um chute de fora da área no primeiro tempo e o goleiro Márcio Arantes aceitou: foi o gol que abriu o marcador. Cinco minutos depois, Wanderson recebeu um cruzamento e empatou a partida. Jogando na defesa, o Esquadrão de Aço conseguiu suportar a pressão do Papão do Norte, sobretudo no segundo tempo. O empate poderia ser tratado como uma vitória, visto que o gol marcado fora de casa poderia ser importante para decidir o finalista.

No sábado seguinte houve a disputa do segundo jogo em Volta Redonda. Um gol logo aos quatro minutos, marcado de cabeça por David Batista, mostrou que ele não estava ali para brincadeira. Alguns minutos depois, o mesmo David recebe um cruzamento de Dija Baiano e manda de voleio para o fundo das redes. No minuto seguinte, Fred descontou de cabeça e recolocou o Moto no páreo. Um gol do rubro-negro deixaria o clube classificado através do critério de gol fora de casa. Por maior que fosse o esforço, não adiantou: Dija Baiano marcou o terceiro no final do primeiro tempo. Os pouco mais de 3300 presentes no Estádio da Cidadania viram um segundo tempo morno e que assegurou a classificação do Voltaço à final.

O adversário da vez seria o CSA, que eliminou o São Bento na semifinal. O jogo de ida foi 0-0, mas não foi aquele jogo chato, sem muita emoção: ambos os lados buscaram o gol por boa parte do jogo. Se do lado azulino Jônatas Obina mandou uma bola no travessão, Marcelo Nicácio perdeu o tempo de bola dentro da área duas vezes e Didira teve uma grande chance defendida por Mota, do lado do Esquadrão de Aço a responsabilidade recaiu muito em cima da dupla formada por David Batista e Dija Baiano. O último pintou e bordou na ponta-esquerda, sobretudo na etapa final. O empate foi um bom resultado para ambas as equipes, que iriam jogar no sábado seguinte, véspera das eleições municipais.

Caía uma chuva fina em Volta Redonda no dia 1º de outubro de 2016. O tempo fechado, que contrastava com o céu limpo de dias anteriores, não seria um fator preponderante para o jogo. A partida, assistida por quase 8000 torcedores (entre tricolores e azulinos), ocorreu no ingrato horário das 21h. Havia uma ampla expectativa de ambos os lados pois nenhum dos clubes havia ganho uma competição a nível nacional: seria a primeira taça de um torneio organizado pela CBF para qualquer um deles. O Voltaço entrou em campo escalado com Mota, Osmar, Daniel Felipe, Gilberto e Cristiano; João Cleriston, Marcos Júnior e Marcelo; Rafael Pernão, David Batista e Dija Baiano.

O início do primeiro tempo foi bastante tenso, com ambas as equipes tentando chegar ao gol adversário. Algumas faltas pesadas e chutes de longe ditaram o ritmo dos 25 minutos iniciais. Em questão de segundos, Marcelo faz um belo lançamento para Dija Baiano, que conclui no canto de Pantera para abrir o placar. Cinco minutos depois, Marcelo cruza na área objetivando achar Marcos Júnior, que vinha correndo e conclui de cabeça para ampliar o marcador. Pouco antes do final do primeiro tempo, Marcelo tenta achar David Batista mas a bola sobra para Pantera, que não segura com firmeza e solta nos pés do mesmo David, que conclui com uma finalização rasteira. Em 15 minutos o 0-0 no placar passou para uma vantagem confortável de 3-0.

Com a ampla vantagem, a parte mais empolgada da torcida da casa já gritava “é campeão”. Na busca de segurar o resultado, Felipe Surian colocou o meia Michel Cury no lugar de David Batista. Enquanto isso, o CSA tentava voltar para o jogo ao inserir no time Marcelo Nicácio na volta do intervalo. Ainda no início da segunda etapa, Michel Cury recebe um cruzamento de Dija Baiano e manda no travessão, mostrando que o Volta Redonda seguia na busca de ampliar o placar. O último tento saiu pouco mais de 10 minutos depois: em um cruzamento de Cristiano, Pantera saiu mal do gol e Marcos Júnior concluiu sem muita dificuldade, fazendo o gol do título. Por mais surreal que possa parecer, uma final de Campeonato Brasileiro terminou com o placar de 4-0.

Foi uma partida que consagrou a campanha daquele time. Com dez vitórias e seis empates, 29 gols marcados e apenas oito sofridos, a Série D conhecia seu segundo campeão invicto – o primeiro havia sido o Sampaio Corrêa, ganhador da taça em 2012. O tamanho do feito foi tão grande que, de forma justificada, vimos uma cena que na época era bastante rara em nosso futebol: a invasão da torcida para comemorar o título. Em questão de minutos, parte da torcida presente pulou as grades ou entrou no gramado pelo portão que dá acesso ao campo. Não havia melhor forma de comemorar um campeonato longo e conquistado da forma que foi.

Créditos: reprodução/Foco Regional

João Pedro

Embora não faça nenhum curso relacionado ao jornalismo, vê na escrita de textos uma forma de externar sua paixão sobre o esporte. Esteve por dois anos na equipe de esportes da Rádio do Comércio de Barra Mansa.

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