Vestiário FC #3 – Bonsucesso
A terceira camisa do Vestiário Futebol Clube, série de textos do Contra-Ataque sobre diversos uniformes do futebol nacional e estrangeiro, vem diretamente da Zona Norte do município do Rio de Janeiro: o manto do dia foi usado pelos atletas do Bonsucesso Futebol Clube no Campeonato Carioca de 2016.
Uma das mais tradicionais equipes suburbanas da antiga capital nacional, o Bonsucesso foi fundado em 12 de outubro de 1913 e desde sua fundação adota o vermelho e o azul como cores da agremiação e do uniforme principal. Embora seja caracterizado como um dos times de menor investimento do estado, a história nem sempre foi essa: ao longo dos anos 1930 e 1940 o Bonsucesso formou equipes competitivas e chegou a participar do Torneio Rio-São Paulo de 1933, terminando na 10ª posição entre 12 equipes.
O Leão da Leopoldina jogou o Campeonato Carioca de forma ininterrupta entre 1929 e 1980, ano de seu primeiro rebaixamento. A partir desta edição, o Bonsucesso passou a se alternar entre as duas principais divisões do futebol fluminense, caindo novamente em 1983, 1985 e 1993. Logo após este último rebaixamento o clube passou por um grande período distante da elite, chegando a disputar a terceira divisão, até conquistar o título da Série B em 2011 e o acesso à divisão principal.
Após nova queda em 2012 e mais um acesso em 2013, o Bonsuça retornou à Série A do Campeonato Carioca e brigou contra o descenso em 2014 e 2015. O time também não foi bem na Copa Rio de 2015, sendo eliminado na segunda fase após uma campanha mediana. A preparação para o Campeonato Carioca de 2016 e todo o precedente dentro de campo já indicava que a nova temporada seria permeada por mais dificuldades.
O Campeonato Carioca de 2016 foi dividido em duas fases. Na primeira, os 16 clubes foram divididos em duas chaves com oito times cada, e as equipes de um grupo enfrentavam as equipes do outro grupo, totalizando oito jogos para cada time. Os quatro primeiros de cada grupo se classificaram à fase final, enquanto os quatro piores de cada grupo disputariam o octogonal do rebaixamento.
A campanha do Bonsucesso começou muito mal. Sem poder jogar em sua casa, o Estádio Leônidas da Silva, o rubro-anil alternou seu mando de campo entre os estádios Luso-Brasileiro e Moça Bonita, além de um jogo isolado em Los Larios. Nas oito partidas da primeira fase, a equipe comandada por Mário Marques conseguiu apenas um empate em oito jogos. O Bonsucesso ainda perdeu três pontos por escalação irregular no primeiro jogo, uma derrota de 2×0 para o Resende.
Concluída a segunda fase, o que se via era um time com poucas mudanças – sete dos 11 atletas que começaram o jogo contra o Resende também estavam no time titular da estreia da segunda fase, uma derrota por 1×0 para a Portuguesa. Esta partida custou o cargo de Mário Marques, que foi substituído por Toninho Andrade. A missão era extremamente árdua, pois um time que somou um ponto em 27 possíveis precisaria recuperar a motivação para escapar da queda.
Os resultados rapidamente apresentaram uma melhora. O Bonsucesso conseguiu dois empates contra Macaé e America válidos pela 3ª e 4ª rodadas do octogonal do descenso. A primeira vitória veio em um domingo, dia 3 de abril, um 6×1 em cima do Friburguense. Naquele dia, o Bonsucesso entrou em campo com Bruno Miranda, Rossales, Anderson Figueiredo, William e Nathan; João Cleriston, Thiaguinho, Marcos Junior e Breno; Deivison e Matheus Pimenta. Coube a Deivison ser o artilheiro da tarde, marcando três gols em cima da equipe serrana.
A derrota para a Cabofriense na sexta rodada deixou o Leão da Leopoldina ainda em situação crítica, correndo sério risco de ser rebaixado. No fim, o que parecia impossível aconteceu: uma vitória sobre o Tigres do Brasil por 2×1 na última rodada, aliada às derrotas de Friburguense e America, salvaram o clube suburbano e rebaixaram o Frizão e o Mequinha.
Apesar da má campanha, alguns nomes daquele elenco se destacaram e conseguiram algum destaque em outros clubes. Marcos Júnior e João Cleriston foram contratados pelo Volta Redonda e conquistaram a Série D de 2016 com a camisa do Voltaço. Marcos Júnior rodou por outros clubes até chegar ao Vasco da Gama em 2019. Outro nome que também teve destaque foi o do reserva Alexandre Talento, à época com apenas 20 anos de idade, e que posteriormente jogou por duas temporadas no futebol grego.
O Bonsucesso não voltou mais a campo naquele ano. Após o término do estadual, o elenco foi desfeito e a equipe só voltou a disputar um jogo profissional em 2017, válido pela seletiva do Campeonato Carioca. Desde então, o Bonsucesso foi rebaixado da elite em 2018 e ganhou o maior título de sua história em 2019: a Copa Rio, conquistada em cima da Portuguesa.
O título marcaria o retorno da equipe às competições nacionais após 37 anos, mas sob circunstâncias pouco esclarecidas o Bonsucesso desistiu da vaga na Copa do Brasil. Na temporada 2021, o clube deve disputar a Série B2, quarto escalão do futebol carioca. A torcida rubro-anil espera ansiosamente por melhores dias em sua rica história.