O futebol alternativo sofre com o “apagão” das transmissões

Por Nathan Sacchetto

O Campeonato Brasileiro da Série D deu seu pontapé inicial no neste mês de maio. Uma das competições verdadeiramente democráticas do nosso país – apesar das dificuldades financeiras – se destaca pelos inúmeros fatores que resgatam o ‘futebol alternativo’. Infelizmente, o começo da 4ª divisão vem sofrendo com questões relacionadas a transmissão, tirando o brilho de quem quer acompanhar seus clubes em campo, ou de simplesmente quem deseja apreciar como amantes do esporte.

Com uma semana antes, surge o rompimento da CBF e a Insports, que vivenciou críticas pela cobrança de Pay-per-view misturada a má qualidade de transmissões durante a Série D 2022. Poderia ser uma ‘luz’ para o retorno de outros veículos de comunicação, como a Eleven. Entretanto, o que era para ser uma esperança por melhorias, virou um descaso tremendo da Confederação Brasileira de Futebol com as equipes da edição 2023.

Com a falta de veículos, a quarta divisão do Brasileirão se encaminha para a segunda rodada seguida sem transmissões pelo país, em nenhuma das inúmeras partidas realizadas. O descaso da entidade em restringir as exibições das partidas é iminente, desmerecendo não somente os clubes, como os patrocinadores das instituições, jogadores, torcedores, jornalistas e demais setores do esporte.

Já não bastasse a falta de preparo na busca por uma nova emissora, a CBF ainda proibiu os clubes de fazerem transmissões independentes até um novo acordo, sob pena de corte dos auxílios as equipes (Viagens e hospedagens). Ou seja, além dos auxílios financeiros que são uma tremenda ‘mixaria’ aos clubes da Série D, não se pode ter soluções para que as rodadas do Campeonato Brasileiro não fiquem no escuro.

Afinal, de que adianta a aprovação de leis, como a Lei do Mandante, e o avanço da tecnologia, se as equipes não possuem a liberdade de usufruírem (ou não) de suas estruturas para exibir as partidas até um acordo comum surgir de verdade?

Os exemplos das divisões inferiores dos estaduais

Diferente do que a CBF vem fazendo aos clubes, alguns campeonatos estaduais com suas divisões de acesso em andamento, tem diversos exemplos de como evitar que a ‘escuridão’ das transmissões não ocorra. Alguns sofreram ‘baixas’ de jogos transmitidos em relação aos anos anteriores, mas que não deixaram de buscar soluções, mesmo que as federações ainda tenham muito a melhorar.

Os Campeonatos Paulista e Gaúcho, em suas divisões de acesso, são os exemplos mais ‘perfeitos’. Com transmissões feitas pelas federações e suas TVs no YouTube ou em sites próprios, todos os jogos vêm sendo exibidos, sem deixar nenhuma equipe para trás e visando trazer boas formas de trazer os jogos aos torcedores.

O Campeonato Mineiro Módulo II e o Carioca Série A2, estão tendo um número menor de exibições comparado com edições passadas. As federações fecharam um acordo com emissoras (A FMF com a Rede Minas e a FERJ com a BandSports), para a exibição de pelo menos, uma partida por rodada em rede nacional. Mesmo com este acordo, não houve limitações para os clubes, que tem o livre arbítrio de comandarem as suas transmissões, respeitando a exclusividade do jogo escolhido pela emissora.

Mesmo com estes exemplos, a CBF, que está em hierarquia mais alta, insiste em limitar e restringir, indo totalmente na contramão do que estamos vivenciando nos dias atuais. Onde está a visibilidade que tanto precisa o futebol alternativo? Onde está o apoio?

Com menos visibilidade, podemos ter menos apoio de patrocínios, mais risco de manipulação de resultados, além de menos qualidade dos estudos técnicos e menos oportunidades de atletas em demonstrarem seu desempenho em campo com maior alcance. Não somente da Série D, como diversos torneios de base da Entidade e das federações estaduais vem sofrendo com este ‘apagão’.

É triste a realidade que estamos vivenciando, fazendo com que a chama do futebol alternativo diminua pelo país. Diante do desrespeito, restam cobranças e a esperança por dias melhores, que resolvam estes dilemas.