Mesmo com nomes de peso no elenco, o Hajduk Split patina no Campeonato Croata
A Croácia surpreendeu o planeta ao conquistar o vice-campeonato da Copa do Mundo em 2018. Superando camisas mais pesadas como as de Argentina, Inglaterra e Dinamarca, o time comandado por Zlatko Dalić só foi parado pela campeã do mundo França. A grande campanha trouxe os holofotes para aquele elenco, que conseguiu um grande feito, e também para os jogadores croatas que atuavam em outras equipes. Mesmo sem ter uma liga nacional forte, o futebol croata saiu bastante fortalecido daquele ano.
Apesar de todo o contexto socioeconômico que dificulta a permanência de jogadores talentosos, as equipes locais conseguem montar times interessantes. O Dinamo Zagreb é o principal expoente desse fenômeno, sobretudo quando vemos que desde 2017 o clube da capital croata consegue vender ao menos um atleta por ano por um valor superior a 10 milhões de euros. O Hajduk Split foi na contramão na atual temporada e contratou medalhões – alguns fizeram parte do elenco croata em 2018. Apesar do peso dos nomes, os resultados não são totalmente satisfatórios.
No período de férias entre as temporadas 2020-21 e 2021-22, o Hajduk foi ao mercado e buscou soluções baratas. A primeira delas foi o lateral-direito húngaro Gergő Lovrencsics, que veio de graça do Ferencváros e disputou as duas últimas edições da Eurocopa. Depois, vieram os goleiros Lovre Kalinić (emprestado do Aston Villa) e Danijel Subašić (que estava afastado do futebol desde que saiu do Monaco em 2020). Ambos fizeram parte da equipe vice-campeã do mundo na Rússia em 2018. Do Benfica, veio o meia Filip Krovinović, que era considerado uma promessa do futebol balcânico. Outros atletas também chegaram por empréstimo, como o zagueiro Nikola Katić, ex-Rangers.
Com tantos nomes de peso para uma liga que não é conhecida por ser forte, esperava-se que o título do campeonato nacional – que não está nas mãos do Hajduk desde 2005 – poderia estar mais próximo. Seis meses após o início da temporada, a taça ainda segue bem distante. Após um início irregular na liga, o Hajduk Split foi eliminado de forma vexatória pelo Tobol na UEFA Europa Conference League. Após uma vitória por 2×0 na Croácia na partida de ida, o Hajduk chegou ao Cazaquistão mais tranquilo para o segundo jogo, mas de pouco adiantou: com direito a um pênalti perdido por Krovinović, os croatas perderam por 4×1 e viram uma classificação que parecia fácil escapar pelos dedos.
A irregularidade na Primeira Liga croata custou o cargo do técnico sueco Jens Gustafsson, que havia fechado um contrato de dois anos com o Hajduk e não permaneceu nem cinco meses no posto. A sequência dele antes da demissão distanciou a equipe das primeiras posições do campeonato, principalmente após perder pontos bobos para Šibenik, Slaven Belupo (duas derrotas), Gorica e Osijek (dois empates). O último clube, que é a grande surpresa da temporada croata, vem sendo a principal pedra no sapato dos Mestres do Mar: em três jogos contra o Osijek, o Hajduk Split conquistou apenas dois pontos.
Para o lugar de Gustafsson, veio o lituano Valdas Dambrauskas, campeão nacional com o Žalgiris em seu país natal e com o Ludogorets na Bulgária. A chegada de Dambrauskas colocou o time nos trilhos, com direito a quatro vitórias seguidas – uma delas sobre o Dinamo em Zagreb – e uma goleada de 6×3 sobre a Lokomotiva Zagreb na Copa da Croácia que assegurou a vaga do Hajduk na semifinal da competição eliminatória. Mesmo após a relevante sequência de bons resultados, a equipe de Split se manteve na quarta colocação da Primeira Liga.
Com a pausa de inverno se encerrando no final do mês, dois fatores podem pesar a favor do Hajduk. O primeiro deles é um jogo pendente contra o Dinamo Zagreb em Split, com data a ser definida, que pode aproximar o Hajduk da liderança do campeonato. O segundo é o equilíbrio na ponta da tabela: os quatro primeiros estão separados por apenas cinco pontos e faltam 16 rodadas para o campeonato se encerrar. Há tempo de sobra para que os quatro se revezem no topo da tabela e ao fim da temporada um deles se sagre campeão nacional.