Após anos sem alterações, decreto presidencial define novos critérios de entrada de clubes na Timemania
Criada em 2007 com a intenção de ser mais uma fonte de receita para os principais clubes brasileiros, a Timemania caiu no gosto do público brasileiro fã de futebol. Desde 2008, mais de 1600 sorteios foram realizados na Timemania. A lógica do jogo é simples: o jogador precisa acertar sete das 80 dezenas e o time de coração para receber o prêmio máximo. As 80 equipes que compõem o volante são as mesmas desde a criação da Timemania, o que gera casos curiosos, como o de equipes inativas que ainda estão na cartela. Um decreto assinado pelo Presidente da República Jair Bolsonaro e promulgado no Diário Oficial de ontem (28) estabeleceu novos critérios de participação para a loteria.
Não se trata de uma ideia nova: um projeto de lei do deputado Júnior Mano (PL-CE) previa justamente a inclusão de novos clubes no bilhete da Timemania. O critério de entrada definido no Decreto n° 6.187, de 14 de agosto de 2007 e utilizado até o momento engloba, na ordem, os participantes das Séries A e B de 2007, os maiores campeões estaduais até 2006 que não participavam das duas principais divisões nacionais em 2007, campeões nacionais das Séries A, B, C, Copa do Brasil e Taça Brasil que não foram incluídos nos critérios anteriores, campeões regionais que não foram incluídos nos critérios anteriores, clubes com mais de sete participações na Série A desde a realização de sua primeira edição em 1971 e clubes com mais de cinco participações na Série B.
Todas as equipes devem estar ativas profissionalmente e participando da primeira ou segunda divisão de seu respectivo campeonato estadual – é por isso que o Campo Grande, campeão da Taça de Prata de 1982 e que disputava o Campeonato Carioca da Terceira Divisão em 2007, não está presente no bilhete.
Já podemos observar as primeiras inconsistências nesse momento: alguns clubes que participavam da Série B em 2007 hoje estão bem distantes de retornar à categoria de prata do futebol nacional – caso de Grêmio Barueri, Marília, Ipatinga e Paulista. Por se tratar de um critério antigo, também não estavam incluídos todos os campeões nacionais das Séries A, B e C desde 2008. Vale ressaltar que a Timemania foi criada em um período no qual a ideia de unificação dos títulos nacionais ainda estava em fase bastante inicial, logo havia a distinção entre Campeonato Brasileiro e Taça Brasil – que não foi desfeita com a publicação do novo decreto.
O novo decreto remove a ideia de uma lista fixa. Agora, todo ano teremos uma relação diferente dos 80 clubes. A Timemania passa a englobar todos os participantes das Séries A e B no biênio anterior e o maior campeão de cada campeonato estadual desde que ele não tenha disputado alguma das duas principais divisões nacionais. Os critérios subsequentes, majoritariamente baseados em títulos conquistados pelas equipes, permanecem inalterados.
No final do texto apresentaremos como estava a composição da Timemania de acordo com os critérios estabelecidos em 2007 e como deve ficar a composição para 2022 (baseada no biênio 2020-2021) de acordo com o decreto promulgado nessa semana. O atual cenário indica que 11 equipes devem deixar a lista dos 80 clubes integrantes da Timemania: Americano, Bangu, Grêmio Barueri, Ipatinga, Marília, Moto Club, Paulista, São Caetano, Treze, União Barbarense e União São João. Os 11 novos times seriam Boa Esporte, Botafogo SP, Brasil de Pelotas, Brusque, Campinense, Chapecoense, Confiança, Cuiabá, Macaé, Oeste e Operário Ferroviário.
Das 11 equipes que devem sair da lista, a situação mais dramática é a do Treze. O Galo da Borborema, impulsionado por sua torcida, está no grupo dos 20 clubes que mais possuem apostadores e por conta disso tem direito a uma fatia maior dentro do bolo que é dividido entre as equipes. De acordo com dados do próprio clube, estima-se que o Treze tenha direito a receber mais de R$ 60 mil/mês, uma grande ajuda para uma equipe que corre risco de ficar sem divisão em 2022.
Como é hoje, utilizando critérios elaborados em 2007
Critério I – participantes da Série A em 2007: América RN, Athletico PR, Atlético MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Figueirense, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Internacional, Juventude, Náutico, Palmeiras, Paraná, Santos, São Paulo, Sport e Vasco da Gama
Critério II – participantes da Série B em 2007: Avaí, Brasiliense, Ceará, Coritiba, CRB, Criciúma, Fortaleza, Gama, Grêmio Barueri, Ipatinga, Ituano, Marília, Paulista, Ponte Preta, Portuguesa, Remo, Santa Cruz, Santo André, São Caetano e Vitória
Critério III, parte I – maiores campeões estaduais até 2006 que não foram incluídos acima: Rio Branco AC, CSA, Nacional AM, Ypiranga AP, Bahia, Rio Branco ES, Sampaio Corrêa, Mixto, Operário MS, Paysandu, Botafogo PB, River, ABC, Ji-Paraná, Atlético Roraima, Sergipe e Palmas
Critério III, parte II – antigos campeões nacionais das Séries A, B, C, Copa do Brasil e Taça Brasil: Guarani, América MG, Red Bull Bragantino, Londrina, Villa Nova, Campo Grande, Juventus SP, Uberlândia, Tuna Luso, Internacional de Limeira, União São João, Vila Nova, Atlético GO, Olaria, XV de Piracicaba e União Barbarense
Critério III, parte III – antigos campeões regionais: São Raimundo AM (tricampeão da Copa Norte)
Critério III, parte IV – clubes com mais participações na Série A: America RJ (disputou por 17 vezes), Desportiva (12 vezes), Joinville (10 vezes), Bangu (8 vezes), Americano (7 vezes), Moto Club (7 vezes) e Treze (7 vezes)
Como deve ficar a partir de 2022, utilizando critérios dinâmicos e dados de 2021
Critério I – participantes da Série A no biênio 2020-2021: América MG, Athletico PR, Atlético GO, Atlético MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Juventude, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo, Sport e Vasco da Gama
Critério II – participantes da Série B no biênio 2020-2021: Avaí, Botafogo SP, Brasil de Pelotas, Brusque, Confiança, CRB, Cruzeiro, CSA, Figueirense, Guarani, Londrina, Náutico, Oeste, Operário Ferroviário, Paraná, Ponte Preta, Remo, Sampaio Corrêa, Vila Nova e Vitória
Critério III, parte I – maiores campeões estaduais que não foram incluídos acima: Rio Branco AC, Nacional AM, Macapá ou Ypiranga AP*, Gama, Rio Branco ES, Mixto, Operário MS, Paysandu, Botafogo PB, River, ABC, Ji-Paraná, Atlético Roraima ou São Raimundo RR*, Sergipe e Palmas
Critério III, parte II – antigos campeões nacionais das Séries A, B, C, Copa do Brasil e Taça Brasil: Criciúma, Portuguesa, Villa Nova, Joinville, Campo Grande, Juventus SP, Uberlândia, Tuna Luso, Internacional de Limeira, União São João, Brasiliense, Boa Esporte, Olaria, XV de Piracicaba, Paulista, Ituano, União Barbarense, Santa Cruz, Macaé e Santo André
Critério III, parte III – antigos campeões regionais: Campinense (campeão da Copa do Nordeste), América RN (campeão da Copa do Nordeste) e São Raimundo AM (tricampeão da Copa Norte)
Critério III, parte IV – clubes com mais participações na Série A: America RJ (disputou por 17 vezes) e Desportiva (12 vezes)
Os clubes que não estiveram em uma das duas principais divisões de seu estado no biênio 2020-2021 e por consequência não estão elegíveis para fazer parte da Timemania estão riscados nas listas acima.
*O texto dos decretos da Timemania não deixa claro se há uma distinção entre a contagem de títulos histórica ou a contagem da era profissional, o que gera dúvidas sobre qual equipe deve fazer parte do volante da Timemania a partir de 2022