O retorno do público aos estádios brasileiros destaca um problema no horário dos jogos
A chegada da pandemia e o retorno das competições da CBF impôs uma nova realidade nos campeonatos de futebol de nosso país. Sem a presença de público, as partidas teriam transmissão exclusiva de TV, rádio ou internet. Com essa situação, tornou-se mais fácil rearranjar a tabela para que o principal detentor dos direitos de transmissão, o Grupo Globo, pudesse ocupar a faixa da tarde da grade de programação, um espaço que nunca teve muitos eventos relevantes. A estratégia não foi desfeita mesmo com o retorno do público aos estádios no início do mês.
Os contratos televisivos são bastante importantes para os clubes atualmente. O lucro da bilheteria deixou de ser a principal fonte de renda das equipes brasileiras há bastante tempo, e o dinheiro advindo da televisão é o principal combustível para a permanência dos bons jogadores em nosso campeonato. No entanto, o torcedor é uma das principais razões para um clube existir. Quem compra produtos licenciados, camisas, paga pelo pay-per-view do campeonato, dá valor ao seu time do coração dentro e fora do estádio merece ser respeitado com horários coerentes, seja indo ao estádio ou acompanhando pela televisão.
Marcar jogos para o horário da tarde em dias úteis nunca foi uma estratégia interessante – sempre foi feito em último caso, quando o estádio não possui iluminação para jogos noturnos. Não é o caso do Campeonato Brasileiro da Série B, com clubes de camisa pesada, bem estruturados e que utilizam luz artificial em seus estádios há bastante tempo. Quase não foi o caso de Guarani x Londrina, que estava marcado originalmente para o dia 9 de outubro (um sábado), foi puxado para a sexta-feira (8) após pedido da TV e posteriormente retornou para o sábado. A partida marcou a volta da torcida bugrina ao Brinco de Ouro após mais de 18 meses.
Também é preciso ressaltar que estamos em um período complicado para o esporte. Com a concorrência dos aparelhos tecnológicos e de outras formas de lazer, formar novos torcedores é um desafio relevante para os dirigentes que estão no comando do futebol hoje. A experiência de ir a um estádio e conviver em um ambiente que esteja bastante ligado a um clube é peça fundamental para formar uma audiência mais jovem e consciente do quão interessante é o futebol. Sem a renovação no público, torna-se complicado manter a atratividade do esporte.
Em menor escala, podemos citar os jogos no horário de 21h30. É o principal horário de exposição do futebol na sociedade e o torcedor acaba “sobrando” nessa equação. De modo geral, a realização de jogos à tarde nos dias úteis é um problema maior – e um dos principais entre os que estão no futebol brasileiro hoje. Também é um dos que pode ser resolvido mais facilmente, sem trazer grandes prejuízos para o torcedor e para as emissoras que transmitem.
