Times de pior ranking avançam mais vezes na primeira fase da Copa do Brasil
Utilizado pela primeira vez em 2017, o regulamento da Copa do Brasil é alvo de juras de amor e ódio por parte dos torcedores. Enquanto equipes tradicionais avançam graças a vantagem do empate, outras superaram o time “mais forte” e fizeram valer o mando de campo. Esse regulamento considerado injusto não impediu que a zebra passeasse com mais frequência, algo que ficou bem evidente na edição de 2022 da Copa do Brasil e que foi corroborado por um levantamento feito pelo site Contra-Ataque.
Como base de comparação, o levantamento coletou dados desde a edição disputada no ano de 2012. Aquele foi o último ano do antigo regulamento, que previa a realização de 32 confrontos na primeira fase e não envolvia as equipes participantes da Copa Libertadores no torneio. Desde 2013, a primeira fase da Copa do Brasil é disputada em 40 confrontos. Até 2016, as partidas eram decididas em um ou dois jogos – o time visitante poderia eliminar o segundo confronto caso vencesse o mandante na ida por dois ou mais gols de diferença. O atual formato, que prevê jogo único na primeira fase e dá ao visitante a vantagem do empate, é utilizado desde 2017.
Entre 2013 e 2016, as equipes de menor porte não obtiveram tanto sucesso. Em média, entre oito e nove equipes avançaram para a segunda fase após superarem fora de casa a equipe dita “mais forte”. Do lado dos visitantes, cerca de nova equipes eliminavam o jogo de volta a cada ano. Não foi um período de zebras muito marcantes, embora algumas equipes de Série A tenham caído logo na primeira fase – caso da Portuguesa de 2013, eliminada para o Naviraiense, e do Sport de 2016, que perdeu as duas partidas da primeira fase para a Aparecidense.
Após a mudança, os números melhoraram consideravelmente. De 2017 para cá, cerca de 12 mandantes vão além da primeira fase na Copa do Brasil. O recorde veio na atual edição: 16 dos 40 confrontos, ou 40% de todas as partidas de primeira fase, foram vencidas pelas equipes consideradas “mais fracas”, que possuíam o mando de campo e precisavam vencer para avançar. O recurso do empate é utilizado cerca de 11 vezes a cada ano.
A mudança do formato da primeira fase provocou situações indesejáveis, como a de um clube visitante abrir o placar e o mandante precisar virar o marcador para avançar de fase. Apesar dessa dificuldade, foi nesse contexto que aconteceu a primeira grande zebra da atual fórmula de disputa da Copa do Brasil. Em 2018, o Botafogo visitou a Aparecidense e até saiu na frente com um gol de Rodrigo Pimpão, mas Nonato e Gustavo Ramos classificaram o Camaleão do Vale para a segunda fase. A Cidinha, junto do Altos, do Cianorte e do Moto Club, é uma das equipes que mais vezes passou de fase na condição de “equipe mais fraca”: além do Sport e do Botafogo, a Aparecidense eliminou a Ponte Preta em 2019.
Das equipes que jogam a primeira fase na condição de “time mais forte”, o Sport é o que ostenta o ingrato título de clube mais vezes eliminado no atual formato. O Leão da Ilha caiu para a já citada Aparecidense em 2016, num contexto até um pouco lógico para a época: as equipes eliminadas antes da terceira fase e que jogavam a Série A poderiam disputar a Copa Sul-Americana. Mesmo integrando o pote 1, composto pelas 10 equipes com melhor colocação no Ranking da CBF, o Sport vem em uma sequência de quatro eliminações na fase inicial da Copa do Brasil: Tombense (em 2019), Brusque (em 2020), Juazeirense (em 2021) e Altos (em 2022) foram os algozes do Leão da Ilha. Náutico e Paraná caíram na primeira fase em quatro ocasiões desde 2013.
Vem do estado do Paraná a equipe que mais vezes eliminou o jogo de volta entre 2013 e 2016. O detentor desse feito é o Coritiba, que superou Sousa (em 2013), Villa Nova (em 2015) e Guarany de Sobral (em 2016) pelo mesmo placar, 3×0 em partida disputada fora do Couto Pereira. Isso não tornou o Coxa imune a eliminações na primeira fase: foram duas, uma para a URT em 2019 e outra para o Manaus em 2020.
Criciúma, Vasco da Gama e Vila Nova foram os clubes que mais utilizaram a vantagem do empate para avançar à segunda fase. A equipe da cruz de malta jogou com o regulamento debaixo do braço em 2019, 2020 e 2021, quando eliminou Juazeirense, Altos e Caldense respectivamente. Em todas as 67 vezes que o recurso do empate foi utilizado de 2017 para cá, apenas uma repetição aconteceu: o Cruzeiro empatou com o São Raimundo RR em Boa Vista e avançou de fase nos anos de 2020 e 2021. Outra equipe mineira, o América, também empatou com o Mundão em 2019 e eliminou a equipe roraimense.
Dados gerais
2012: 3/32 mandantes classificados, 11/32 visitantes que eliminaram o segundo jogo
2013: 10/40 mandantes classificados, 11/40 visitantes que eliminaram o segundo jogo
2014: 8/40 mandantes classificados, 9/40 visitantes que eliminaram o segundo jogo
2015: 6/40 mandantes classificados, 10/40 visitantes que eliminaram o segundo jogo
2016: 11/40 mandantes classificados, 5/40 visitantes que eliminaram o segundo jogo
2017: 13/40 mandantes classificados, 7/40 visitantes que passaram com um empate
2018: 10/40 mandantes classificados, 13/40 visitantes que passaram com um empate
2019: 11/40 mandantes classificados, 13/40 visitantes que passaram com um empate
2020: 11/40 mandantes classificados, 14/40 visitantes que passaram com um empate
2021: 8/40 mandantes classificados, 9/40 visitantes que passaram com um empate
2022: 16/40 mandantes classificados, 11/40 visitantes que passaram com um empate
Média 2013-2016: 8,75 mandantes classificados, 8,75 visitantes que eliminaram o segundo jogo
Média 2017-2022: 11,5 mandantes classificados, 11,17 visitantes que passaram com um empate
Clubes que mais vezes eliminaram o segundo jogo na 1ª fase (entre 2013 e 2016)
Coritiba – 3x (Sousa em 2013, Villa Nova em 2015 e Guarany de Sobral em 2016)
América MG – 2x (Santos AP em 2014 e Luziânia em 2015)
ASA – 2x (Paragominas em 2014 e São Raimundo RR em 2015)
Bragantino – 2x (Águia Negra em 2013 e Brasília em 2016)
Chapecoense – 2x (Rio Branco AC em 2014 e Interporto em 2015)
Figueirense – 2x (Desportiva em 2013 e Lajeadense em 2016)
Internacional – 2x (Rio Branco AC em 2013 e Remo em 2014)
Ponte Preta – 2x (Itabaiana em 2013 e Náutico RR em 2014)
Tupi – 2x (Juazeiro BA em 2014 e Alecrim em 2015)
Clubes que mais vezes foram eliminados na primeira fase na condição de visitante (entre 2013 e 2022)
Sport – 5x (Aparecidense em 2016, Tombense em 2019, Brusque em 2020, Juazeirense em 2021 e Altos em 2022)
Náutico – 4x (CRAC em 2013, Vitória da Conquista em 2016, Guarani de Juazeiro em 2017 e Tocantinópolis em 2022)
Paraná – 4x (São Bernardo em 2013, Jacuipense em 2015, Cianorte em 2021 e Pouso Alegre em 2022)
América RN – 3x (Gama em 2016, Audax Osasco em 2017 e Atlético Tubarão em 2018)
ASA – 3x (Genus em 2016, Corumbaense em 2018 e Bragantino PA em 2019)
Boa Esporte – 3x (Salgueiro em 2013, Moto Club em 2015 e Foz do Iguaçu em 2019)
Criciúma – 3x (Londrina em 2014, Operário Ferroviário em 2016 e Santo André em 2020)
Goiás – 3x (Botafogo PB em 2014, River em 2016 e Boavista em 2021)
Guarani – 3x (Confiança em 2013, Santa Rita em 2014 e Avenida em 2019)
Joinville – 3x (Novo Hamburgo em 2014, Ituano em 2015 e Atlético Cearense em 2019)
Londrina – 3x (Gurupi em 2017, XV de Piracicaba em 2020 e Ceilândia em 2022)
Sampaio Corrêa – 3x (Campinense em 2013, Águia Negra em 2020 e Rio Branco ES em 2021)
Clubes que mais vezes se classificaram na primeira fase na condição de mandante (entre 2013 e 2022)
Altos – 3x (CRB em 2017, Atlético GO em 2018 e Sport em 2022)
Aparecidense – 3x (Sport em 2016, Botafogo em 2018 e Ponte Preta em 2019)
Cianorte – 3x (Grêmio Barueri em 2013, ABC em 2018 e Paraná em 2021)
Moto Club – 3x (Boa Esporte em 2015, Vitória em 2019 e Chapecoense em 2022)
Boavista – 2x (Ceará em 2017 e Goiás em 2021)
Brusque – 2x (Remo em 2017 e Sport em 2020)
Cascavel – 2x (Figueirense em 2021 e Ponte Preta em 2022)
Juazeirense – 2x (Botafogo em 2016 e Sport em 2021)
Novo Hamburgo – 2x (Joinville em 2014 e Paysandu em 2018)
River – 2x (Goiás em 2016 e Bahia em 2020)
Clubes que mais vezes utilizaram a vantagem do empate para se classificar na primeira fase (entre 2017 e 2022)
Criciúma – 3x (São Caetano em 2018, Marília em 2021 e Nova Iguaçu em 2022)
Vasco da Gama – 3x (Juazeirense em 2019, Altos em 2020 e Caldense em 2021)
Vila Nova – 3x (Fast Clube em 2017, Manaus em 2019 e Rio Branco AC em 2022)
16 clubes utilizaram a vantagem 2x, com destaque para:
América MG – 2x (São Raimundo RR em 2019 e Santos AP em 2020)
Atlético MG – 2x (Atlético AC em 2018 e Campinense em 2020)
Bragantino – 2x (Anápolis em 2017 e Nova Iguaçu em 2018)
Coritiba – 2x (Vitória da Conquista em 2017 e Parnahyba em 2018)
Cruzeiro – 2x (São Raimundo RR em 2020 e 2021)
Juventude – 2x (Interporto em 2018 e Coruripe em 2020)
Os jogos da segunda fase
Moto Club x Tombense
Pouso Alegre x Coritiba
Azuriz x Mirassol
Avaí x Ceilândia
Atlético GO x Nova Venécia
Real Noroeste x Juventude
Juazeirense x Vasco da Gama
CSA x Paysandu
Ceará x Tuna Luso
Figueirense x Cuiabá
ABC x Altos
Goiás x Criciúma
Globo x Brasiliense
Guarani x Vila Nova
Tuntum x Cruzeiro
Portuguesa RJ x Sampaio Corrêa
São Paulo x Manaus
Tocantinópolis x Cascavel
Fluminense PI x Santos
Vitória x Glória de Vacaria