Dez equipes que jogaram a Série B em 1989 com o Brusque e hoje estão inativas
O domingo (30) marca o retorno do Brusque à Série B do futebol brasileiro. Após 32 anos, a torcida brusquense poderá acompanhar a saga do quadricolor na segunda divisão nacional, após anos de luta dentro do futebol catarinense (que incluem uma temporada na inatividade, 2003) e nas divisões inferiores do futebol brasileiro.
No caso da Série B, 1989 é um ponto comum a muitas equipes. O formato extremamente inchado – 96 clubes participaram daquela edição da então intitulada “Divisão Especial” – garantiu ao menos uma participação para muitos times de diversos rincões do país. Além do Brusque, o Tupi foi outra equipe que conquistou o acesso para a Série B nos últimos anos e quebrou uma sequência de mais de duas décadas fora da segundona.
Mas nem todas as equipes tiveram a mesma sorte do quadricolor e do galo carijó, visto que 29 dos 96 participantes da Série B de 1989 nunca mais disputaram a segunda divisão. Embora a maioria dessas equipes siga disputando os campeonatos profissionais de seus respectivos estados, algumas estão inativas e uma nova participação na Série B é somente um sonho bem distante.
AA Cabofriense
O primeiro clube a ser listado tem um nome bastante familiar ao futebol brasileiro de hoje. A Associação Atlética Cabofriense é a antecessora da atual Cabofriense, que disputa a Série A2 do Campeonato Carioca. Fundada em 1955, a equipe “original” se profissionalizou na década de 1980 e teve uma ascensão meteórica dentro do Rio de Janero: o clube obteve um vice-campeonato da Terceira Divisão em 1983 e ganhou o título da Segunda Divisão em 1986.
Em 1989, a AA Cabofriense disputou pela terceira vez consecutiva a elite do Campeonato Carioca. Uma campanha extremamente irregular em ambos os turnos colocou o time na 10ª posição, a primeira acima da zona do rebaixamento. Na Série B de 1989 – a única competição nacional que a equipe disputou, a boa campanha diante de Itaperuna e Americano, líder e vice-líder do grupo H, não foi suficiente para avançar de fase: a Cabofriense perdeu muitos pontos para as equipes capixabas, que ficaram na parte inferior da classificação da chave.
Após a disputa da Divisão Especial, a Cabofriense só voltou a campo em 1990, quando disputou o Campeonato Carioca e foi rebaixada. O tricolor praiano se licenciou em 1992 após um novo rebaixamento e a cidade de Cabo Frio voltou a possuir um representante no futebol profissional após a fundação da atual Associação Desportiva Cabofriense em 1997.
Baraúnas
Fundado em 1960, o Baraúnas é um dos times mais tradicionais do interior do Rio Grande do Norte. Sua estreia no futebol profissional ocorreu no Campeonato Potiguar de 1976, quando o torneio era disputado somente por equipes da capital Natal e de Mossoró, município no qual o Baraúnas foi fundado. Embora fosse novo no cenário estadual, rapidamente o Leão do Oeste se destacou e através do desempenho obtido no campeonato local a equipe se classificou para a disputa da Taça de Prata em 1980 e 1982.
No Campeonato Potiguar de 1989, o Baraúnas obteve apenas o 5º posto entre os seis participantes. A má campanha no estadual não credenciou o Barú para a disputa da Divisão Especial e o resultado não veio: com apenas uma vitória (sobre o Botafogo PB) em dez jogos, o Baraúnas se despediu da segunda divisão na lanterna do grupo E.
A melhor fase do Tricolor de Mossoró aconteceu na década de 2000: por inúmeras vezes o Baraúnas brigou pelo título estadual até conquistar a inédita taça em 2006. Um ano antes, o mesmo Baraúnas eliminou o Vasco da Gama após vencer o clube carioca por 3×0 em São Januário. Foi um dos últimos bons momentos do Barú, que foi rebaixado no Campeonato Potiguar em 2018 e se encontra licenciado desde então.
Capelense
O tradicional Galo dos Canaviais foi fundado em 1946 e fez sua estreia no Campeonato Alagoano em 1959. Logo na primeira participação, o Centro Sportivo Capelense conquistou o primeiro título em cima do CRB. Três anos depois, o bicampeonato, após vencer o Estivadores na final. Mesmo com o sucesso rápido, a equipe de Capela se licenciou em 1968 e retornou somente em 1979, agora alternando entre campanhas medianas e ruins dentro do Campeonato Alagoano.
Após anos de desempenho que não empolgavam o torcedor, 1989 foi o ano da virada para o CSC. Com uma preparação antecipada, uma equipe aguerrida e o apoio da cidade de Capela, que comparecia ao estádio Manoel Moreira, o título veio com muitos méritos – é daquele time campeão a foto que ilustra o texto. Devido às fortes chuvas que atingiram Capela, o Capelense teve que mandar seus jogos na Divisão Especial em Viçosa. A campanha não foi das melhores: com somente duas vitórias, ambas em cima do lanterna América PE, nos 10 jogos que disputou, o CSC foi eliminado na primeira fase.
O título alagoano deu ao Capelense o direito de disputar a segunda edição da Copa do Brasil em 1990, competição na qual o Galo dos Canaviais foi eliminado na primeira fase após duas derrotas para o Flamengo. Após a conclusão da temporada de 1990, o Capelense se licenciou e retornou somente em 2008. A última competição disputada pelo CSC foi a Segunda Divisão Alagoana de 2011.
Catanduvense
A equipe do Grêmio Esportivo Catanduvense foi o primeiro clube relevante do município de Catanduva, distante 400km da capital São Paulo. O GEC competia na Segunda Divisão do Campeonato Paulista e sempre aparecia entre os principais clubes, conquistando um título em 1974. Com o acesso suspenso pela FPF, o Catanduvense teve que esperar mais 14 anos para conquistar o acesso – o vice-campeonato para o Bragantino, obtido em 1988, selou a estreia do GEC na primeira divisão.
No primeiro semestre, o Grêmio Catanduvense disputou a elite do futebol paulista e terminou o campeonato em 15º lugar. Se o desempenho a nível estadual não foi tão interessante, a nível nacional ocorreu o oposto. O GEC foi sorteado no grupo I e conseguiu se classificar para a segunda fase junto do Botafogo SP, com destaque para uma goleada de 4×0 sobre o Goiânia em partida disputada em Catanduva. No mata-mata, o algoz foi o mesmo do ano anterior: após uma derrota por 1×0 em casa e um empate por 1×1 fora, o Bragantino eliminou o GEC.
Cada clube tomou um rumo completamente diferente: enquanto o Bragantino se tornaria campeão da Série B, o GEC nunca voltou a disputar uma competição nacional e fechou em 1993, após ser rebaixado para a Série A2. Sua vaga no campeonato foi ocupada pelo Catanduva EC, fundado em 1994 e que durou até 1996. A Cidade do Feitiço teve mais três clubes desde então: o Clube Atlético Catanduvense, o Grêmio Catanduvense de Futebol e o Catanduva FC, o único em atividade atualmente.
Douradense
Após a divisão dos estados e a criação do Campeonato Sul-Mato-Grossense em 1979, inúmeras equipes enxergaram uma oportunidade para entrar no futebol profissional sem a concorrência dos tradicionais Operário de Várzea Grande e Mixto. O município de Dourados foi um dos que mais se beneficiou com a novidade, com a entrada do Operário, Ubiratan e do Clube Atlético Douradense, que estreou em 1984 com um vice-campeonato do estadual após perder a final para o Corumbaense.
No ano de 1989, o Clube Atlético Douradense foi novamente vice-campeão do Sul-Mato-Grossense, mas desta vez o CAD perdeu a final para o Operário de Campo Grande. Operário, Douradense e Ubiratan foram alocados no grupo N e as três equipes foram eliminadas na primeira fase. A campanha do CAD não foi das mais interessantes: duas vitórias em 10 jogos (sobre Ubiratan e União de Rondonópolis) e oito pontos somados entre os 20 possíveis.
A participação na Divisão Especial do Campeonato Brasileiro foi o último ato do Douradense no futebol profissional. Após a eliminação, o clube se licenciou e não voltou ao futebol profissional até hoje. Dourados possui hoje uma equipe no Campeonato Sul-Mato-Grossense, o Dourados AC.
Foz do Iguaçu EC
O Dourado da Fronteira foi o primeiro clube da cidade das cataratas a conseguir algum sucesso a nível estadual. Fundado em 1988, o Foz do Iguaçu foi vice-campeão da Segunda Divisão do Paranaense logo no primeiro ano de existência, garantindo o acesso à divisão principal. Com o apoio das empreiteiras da hidrelétrica de Itaipu e de um bicheiro carioca, tudo indicava que finalmente a cidade da fronteira teria um time competitivo.
A estreia no Campeonato Paranaense não foi das melhores. O Foz do Iguaçu foi eliminado na primeira fase com a 13ª melhor campanha entre os 18 participantes. O início da campanha na Divisão Especial não foi dos melhores: com apenas três pontos somados nos cinco primeiros jogos, a vaga na segunda fase parecia impossível. Mesmo após o péssimo início, o Foz não desistiu e emplacou três vitórias consecutivas nas últimas rodadas, sendo eliminado da competição nos critérios de desempate.
Apesar da expectativa, o Foz nunca correspondeu ao que se esperava dele. O Dourado da Fronteira nunca avançou às fases finais do Paranaense entre 1989 e 1997, período em que participou da competição. Após o rebaixamento, disputou duas edições da Segunda Divisão em 1998 e 1999, se licenciando após a conclusão da última.
Lagarto EC
Fundado na década de 1950, o Lagarto Esporte Clube estreou no Campeonato Sergipano em 1972 representando o município homônimo. A estreia foi marcada pelo vice-campeonato, conquistado após vencer o segundo turno e perder a final para o Sergipe. O Lagarto conquistou outro vice-campeonato em 1975, mas a partir da virada da década as campanhas foram irregulares e o time chegou a disputar a segunda divisão.
O Campeonato Sergipano de 1989 foi um pouco diferente. Com uma campanha mais consistente, o alviverde conseguiu fazer frente ao trio de ferro formado por Confiança, Itabaiana e Sergipe e concluiu o estadual em 4º lugar. A boa campanha não serviu para nada no segundo semestre: com nenhuma vitória e quatro empates em dez jogos, o Lagarto se despediu da competição na lanterna do grupo G.
Dois anos depois, foi a vez do Lagarto se despedir do futebol profissional. O clube foi rebaixado no Campeonato Sergipano de 1991 e desde então não retornou ao futebol profissional. O município de Lagarto atualmente é representado pelo Lagarto FC, recentemente coroado vice-campeão sergipano.
Leônico
Embora seja de 1940, a Associação Desportiva Leônico só estreou no Campeonato Baiano vinte anos depois. Apesar do pouco tempo de experiência no estadual, o clube soteropolitano demorou apenas sete temporadas para conquistar seu primeiro título estadual, obtido em 1966 após um triunfo sobre o Vitória na final. Embora possuíssem uma sede física em Salvador, os Guerreiros da Ladeira iniciaram uma peregrinação pelo interior baiano a partir de 1977: se instalaram em Simões Filho, Conceição do Coité, Ilhéus, Itabuna, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas e voltaram a Conceição do Coité para a temporada 1989.
A experiência obtida através de uma participação na Taça Brasil em 1967, uma no Campeonato Brasileiro em 1979 e três na Taça de Prata entre 1980 e 1982 não foram suficientes para que o Moleque Travesso – que usa o mesmo grená do Juventus da Mooca – conseguisse avançar de fase na disputa da segunda divisão de 1989. Com uma campanha irregular e três vitórias em dez jogos, o Leônico foi eliminado na primeira etapa após obter o 4º lugar entre os seis integrantes do grupo G.
Após o rebaixamento no Campeonato Baiano de 1992, o time grená passou 15 anos fora dos gramados. Retornou em 2007, mas perdeu para o Guanambi por 10×0 sob circunstâncias suspeitas e acabou suspenso. Embora tenha ensaiado um retorno em 2021, a última aparição profissional dos Guerreiros da Ladeira ocorreu em 2014, quando foram vice-lanternas do Campeonato Baiano da Série B.
Pinheiros
Dos 10 integrantes desse texto, o Pinheiros é o que vinha em melhor fase. Após decisão dos sócios do antigo EC Água Verde, o clube curitibano passou a se chamar Esporte Clube Pinheiros a partir de agosto de 1971. O alviceleste se tornou uma das quatro potências do futebol curitibano, junto de Atlético, Coritiba e Colorado. As campanhas competitivas seguiram acontecendo até um inesperado rebaixamento em 1981. O retorno à elite não poderia ser melhor, para a felicidade da pequena torcida do clube: um quinto lugar em 1983, o inédito título em 1984 e a segunda taça em 1987.
Apesar dos títulos recentes, a expectativa para a disputa da Divisão Especial de 1989 não era muito grande. No estadual, o Pinheiros caiu na primeira fase e a diretoria já tinha algumas tratativas que poderiam mudar o curso do clube. Na disputa da Série B, o Pinheiros só venceu uma partida, contra o Caxias, e teve um aproveitamento de apenas 25%.
A competição foi a despedida do Pinheiros dos gramados profissionais: no dia 19 de dezembro do mesmo ano, o Pinheiros e o Colorado Esporte Clube, outra força do futebol curitibano, oficializaram a fusão e a criação de uma nova equipe, o Paraná Clube. Com o azul do alviceleste e o vermelho do “boca negra”, o Tricolor da Vila chegou rapidamente à Série A e por lá permaneceu por quase 15 anos. Após acessos e rebaixamentos, atualmente a equipe disputa a Série C.
Valério
Tradicional equipe do interior de Minas Gerais, o Valeriodoce Esporte Clube foi fundado por funcionários da Cia. Vale do Rio Doce em Itabira. A melhor época do clube coincidiu com o período de maior investimentos da estatal de mineração do clube. O Valério foi quarto colocado do Campeonato Mineiro nas edições de 1969, 1978 e 1988. Também foi em 1988 que o clube fez sua estreia em competições nacionais, com um respeitável 7º lugar na Segunda Divisão nacional.
Após duas grandes campanhas, a esperança era de que o sucesso continuasse em 1989. Não foi o que aconteceu: o Valério foi eliminado na primeira fase tanto no Campeonato Mineiro como na Série B. Na segunda divisão nacional, o Dragão foi sorteado no grupo L, que teve America RJ e União São João classificados. A campanha do Valério foi bastante fraca, com oito pontos somados em 20 possíveis e a vice-lanterna do grupo.
Mesmo sem retornar à Série B, o Valeriodoce seguiu fazendo boas campanhas, como o 6º posto na Série C de 1994. Após a privatização da Vale do Rio Doce, o apoio financeiro ao clube acabou e o rebaixamento no Campeonato Mineiro aconteceu em 2000, encerrando 35 anos consecutivos de presença da equipe itabirense na elite mineira. A última participação do Valério no futebol profissional ocorreu no terceiro nível do futebol mineiro em 2018, mas longe de Itabira – com o Estádio Israel Pinheiro interditado, a solução foi mandar as partidas em São Gonçalo do Rio Abaixo. O VEC está licenciado desde então.