Drama, festa e estádio cheio na final da Copa do Estado de Israel

Drama, festa e estádio cheio na final da Copa do Estado de Israel
Foto: reprodução/Maccabi Tel Aviv

Com as fases finais adiadas pelo conflito recente entre Israel e Palestina e os bombardeios decorrentes, a solução encontrada pela Associação de Futebol Israelense foi postergar a decisão da taça para o mês de junho, tornando a final da Copa do Estado a mais tardia entre os países europeus que terminaram sua competição na temporada 2020-21. Concluída na última quarta-feira (2), a copa nacional de Israel teve seu troféu levantado pelo Maccabi Tel Aviv após 120 minutos bastante emocionantes em uma final com seu maior rival, o Hapoel Tel Aviv.

A temporada do Maccabi foi quase perfeita. Os amarelos já haviam conquistado a Supercopa Israelense, a Copa da Liga Israelense e foram vice-campeões da liga nacional. Na Europa, a eliminação na última fase preliminar da Liga dos Campeões levou a equipe aos grupos da Liga Europa: sorteado na chave I, o Maccabi avançou de fase e foi eliminado nos 16-avos de final para o Shakhtar Donetsk. A trajetória na Copa do Estado foi tranquila, eliminando quatro adversários da primeira divisão no caminho até a final: Hapoel Be’er Sheva, Hapoel Haifa, Ashdod e Maccabi Haifa.

O desempenho do Maccabi Tel Aviv ao longo da temporada 2020-21 é um total contraste com a campanha do rival Hapoel. Os Demônios Vermelhos brigaram contra o rebaixamento ao longo de toda a temporada, concluindo a Premier League israelense na 11ª colocação, duas acima do primeiro rebaixado. O caminho até a final da copa também foi tranquilo, com o Maccabi Netanya sendo o único adversário do primeiro escalão israelense ao longo da campanha. A vaga para a final foi conquistada após eliminar nos pênaltis o Beitar Tel Aviv Bat Yam, equipe da segunda divisão.

Além de todo o contexto da final, envolvendo dois clubes que fazem um dos maiores dérbis do país e que tiveram temporadas totalmente opostas, um terceiro fator foi adicionado na expectativa para a finalíssima. Segundo dados do site Our World In Data, quase 57% dos israelenses já receberam as duas doses da vacina contra a covid-19. Com o número de casos e mortes no menor nível desde o início da pandemia e o controle do vírus, o público pôde comparecer de forma integral às arquibancadas do estádio Bloomfield, casa das duas equipes desde 1962.

Foto: reprodução/JesseCohen/Inv/Twitter

Os quase 30 mil presentes no estádio viram um início de partida atribulado: com apenas um minuto, o árbitro Erez Papir paralisou temporariamente o jogo para que a fumaça dos sinalizadores utilizados pelas duas torcidas abaixasse e a partida pudesse acontecer sem novas interrupções. O jogo foi reiniciado e embora o Maccabi dominasse as ações, o primeiro gol foi do Hapoel: aos 31 minutos, Omri Altman recebeu um bom passe e estufou as redes do goleiro brasileiro naturalizado israelense Daniel Tenenbaum, formado na base do Flamengo. Itay Shechter mandou uma bola na trave pouco tempo depois e quase empatou a partida.

Na busca da taça, o técnico holandês Patrick van Leeuwen mexeu na equipe do Maccabi no segundo tempo, com a troca mais importante sendo a segunda. Yonatan Cohen substituiu o mesmo Shechter que quase empatou o jogo na primeira etapa, mas dessa vez a estrela brilhou: Dan Glazer fez um cruzamento perfeito para Cohen, que cabeceou e empatou a final aos 28 minutos do segundo tempo. O Maccabi seguiu pressionando e van Leeuwen fez uma terceira troca pouco após o gol de empate, mas o placar seguiu empatado e a decisão foi para a prorrogação.

Aos seis minutos do primeiro tempo da prorrogação, veio o gol do alívio: após uma falta, Matan Baltaxa desviou e o espanhol Luis Hernández mandou de cabeça para o fundo das redes, virando o jogo para o Maccabi Tel Aviv. A partir daquele momento, o Hapoel teria 24 minutos para buscar o empate e forçar a decisão por pênaltis.

O gol não veio, mas não faltou esforço: faltando cinco minutos para o fim do segundo tempo da prorrogação, o jogador do Hapoel Tel Aviv Shay Izan dividiu uma bola de forma dura com Dor Peretz, do Maccabi. O rápido contra-ataque dos alvirrubros resultou em um gol marcado pelo mesmo Shay Izan. A presença do árbitro de vídeo na partida trouxe uma nova emoção aos torcedores do Hapoel, que não veem um título de primeiro escalão de sua equipe há nove anos: o tento foi anulado e tanto Izan como o treinador Nir Klinger foram expulsos após reclamarem acintosamente com o juiz. Confira aqui o vídeo com os minutos finais.

Após o apito final, o meio-campista Shan Yeini declarou que “o time do Maccabi sabia que poderia vencer o jogo e isso foi dito dentro do vestiário no intervalo da partida”. Yeini também declarou que o técnico Patrick van Leeuwen “sabe gerir o time e sempre confiou no grupo”. O Maccabi Tel Aviv conquistou seu 24º título da Copa do Estado de Israel – o sétimo em cima de seu rival Hapoel Tel Aviv e o primeiro em seis anos.

As torcidas fizeram a festa na decisão da Copa do Estado de Israel (foto: Nicole Liberman/Babagol)

Ficha técnica

Maccabi Tel Aviv 2×1 Hapoel Tel Aviv
Local: Estádio Bloomfield, em Tel Aviv, Israel
Árbitro: Erez Papir
Público: 29.000 pessoas
Gols: Omri Altman (29’/1º, 0x1), Yonatan Cohen (28’/2º, 1×1) e Luis Hernández (6’/1ºp, 2×1)
Cartões amarelos: Eduardo Guerrero, Itay Shechter, Dan Biton e Matan Hozez (MAC); Edi Gotlieb, Eyad Abu Abaid, Shay Elias, Omri Altman, Emmanuel Boateng e Raz Stein (HAP)
Cartões vermelhos: Shay Izan e Nir Klinger (HAP)

Maccabi Tel Aviv: Daniel Tenenbaum, André Geraldes, Matan Baltaxa, Luis Hernández e Enric Saborit; Dan Glazer, Sheran Yeini (Dan Biton, 25’/2º) e Dor Peretz; Itay Shechter (Yonatan Cohen, 19/2º), Eduardo Guerrero e Tal Ben Chaim (Matan Hozez, int)
Técnico: Patrick van Leeuwen

Hapoel Tel Aviv: Ernestas Šetkus, Ben Bitton, Edi Gotlieb, Eyad Abu Abaid e Denny Gruper; Dan Einbinder, Shay Elias (Shay Izan, 45+3’/2º) e Omri Altman (Gil Itzhak, int/2ºp); Osher Davida (Raz Stein, 29’/2º), Shlomi Azulay (Emmanuel Boateng, 22’/2º, depois Raz Shlomo, 15+5’/2ºp) e Lidor Cohen
Técnico: Nir Klinger

João Pedro

Embora não faça nenhum curso relacionado ao jornalismo, vê na escrita de textos uma forma de externar sua paixão sobre o esporte. Esteve por dois anos na equipe de esportes da Rádio do Comércio de Barra Mansa.

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